Bairro

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O Bairro Santo Agostinho

Breve história do bairro Santo Agostinho

(texto originalmente publicado no Jornal O Santo Agostinho, na sua 7ª Edição, de agosto de 2011).

Os arredores do que hoje é o bairro Santo Agostinho foram, inicialmente, ocupados por favelas formadas nas margens dos córregos do Leitão e da Barroca. Datam de 1925 as primeiras obras de canalização do Córrego do Leitão, onde hoje estão os bairros Lourdes e Centro. Em 1929 foi removida a Favela Barroca, no atual Barro Preto. Posteriormente à retirada destas moradias, uma parte da área próxima foi disponibilizada para a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), para a construção da Cidade Universitária.

Entre as importantes instituições situadas no bairro, o Clube Atlético Mineiro foi a primeira a se fazer presente. Em 1927, foi realizada permuta que envolveu o terreno ocupado pelo clube na Av. Paraopeba (atual Av. Augusto de Lima), local onde está o Minascentro. O Governo de Minas tinha a intenção de lá construir o Ginásio Mineiro. Assim sendo, o Atlético recebeu do Estado de Minas Gerais um terreno na então chamada Colina de Lourdes e mais um valor destinado à construção de seu novo estádio. Por sua topografia plana, foi escolhido pelo clube o lote 13 da Av. São Francisco (hoje Av. Olegário Maciel), número que coincidentemente equivalia ao galo no jogo do bicho (o galo viria a ser, posteriormente, adotado como símbolo do clube). Desta forma, o Estádio Presidente Antônio Carlos, inaugurado em 30 de maio de 1929, tornou-se a primeira grande referência urbana da área. Em terreno vizinho, onde está a Loja do Galo, o clube construiu em 1930 a segunda piscina de Belo Horizonte (a primeira, do América, data de 1929).

Quem deu nome ao bairro, porém, foi o Colégio Santo Agostinho. Fundado em 1934, o colégio mudou-se em 1936 para o endereço em que continua até hoje. E sua vizinhança passou a ser chamada de Santo Agostinho. (Até os dias atuais, a região do Clube Atlético Mineiro é por muitos considerada erroneamente como parte do bairro de Lourdes). O nome do bairro foi objeto de abaixo-assinado dos seus moradores, no início dos anos 1950. Eles pediram a adoção oficial de Santo Agostinho para parte do que era chamado de Barroca.

O período de 1927 a 1936, portanto, pode ser considerado pioneiro. Em 1936, além do Colégio Santo Agostinho, o bairro recebeu a Praça Raul Soares, que passaria a ser ponto de “footing” da sociedade belo-horizontina. A ocupação do bairro ganhou maior expressão na década de 1940. A Av. Amazonas, por exemplo, data da época do governo de Juscelino Kubitschek. O Conjunto JK, marco arquitetônico desenhado por Oscar Niemeyer, é de 1952.

No início da década de 1970, instalou-se no bairro a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (o Palácio da Inconfidência foi inaugurado em 1972) . Para que isto pudesse acontecer, foi processada em 1961 outra permuta, desta vez envolvendo o Estado de Minas Gerais e a UFMG, até então dona do terreno. Vizinha à Assembleia, a Praça Carlos Chagas alojava, em seu centro, o prédio provisório onde viria a ser construída a Igreja de Nossa Senhora de Fátima que hoje conhecemos. Em 1968, o Estádio Antônio Carlos havia sido desativado. Em 1974 a Prefeitura tomou posse do terreno – durante a década de 1980, o local foi utilizado como Campo do Lazer, área destinada à prática esportiva e a eventos.

Em 1980 o Santo Agostinho recebeu o primeiro prédio do Hospital Mater Dei (o Bloco II do hospital seria finalizado no ano 2000). Vizinha ao Mater Dei, a sede da CEMIG, em estilo tecnicista, é de 1982. Na década de 1980 a cidade recebeu grandes edifícios, como o do Banco Central do Brasil, na Praça Carlos Chagas.

Em 1996, foi inaugurado, no lugar do Campo do Lazer, o centro de compras Diamond Mall.

CURIOSIDADES:

Colégios tombados

1936 foi o ano em que o bairro recebeu três instituições de ensino: o Colégio Santo Agostinho, dos padres agostinianos, o Colégio Municipal Marconi e a Escola Estadual Pandiá Calógeras. Os prédios de todos eles são tombados.

UFMG

A região do bairro Santo Agostinho acabou não recebendo a Cidade Universitária, conforme chegou a ser previsto. O Campus da UFMG foi construído na Pampulha. A Universidade recebeu terreno de 4 milhões de metros quadrados, desapropriado pelo Governo na área da antiga Fazenda Dalva. Para lá levou, na medida do possível, os prédios das suas faculdades. No Santo Agostinho funcionou a Faculdade de Farmácia.

A Praça da Assembleia:

Em 1895, estava prevista na planta original da Cidade de Minas Gerais (Belo Horizonte) a Praça da Federação. Na planta cadastral de 1942, porém, não aparece nada no local. Já na Relação dos Logradouros Públicos, de 1944, a praça está presente com o nome atual, Praça Carlos Chagas. A partir de um levantamento fotográfico, é possível perceber que a praça permaneceu como um grande descampado até o final da década de 1960.

Já nos anos 70, o entorno da Praça sofreu significativa alteração, com a inauguração, em 1972, do edifício da Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais. Fato que fez com que ela ficasse popularmente conhecida como Praça da Assembleia. A implantação do prédio da Assembleia (Palácio da Inconfidência) favoreceu a implantação parcial da praça, que recebeu arruamento próprio. Continuou, porém, sem tratamento paisagístico.

Em 1975, a Praça Carlos Chagas foi dividida em duas. A parte em que se localiza a Assembleia Legislativa de Minas Gerais foi denominada Praça da Inconfidência.

O paisagista Burle Marx visitou a Praça Carlos Chagas, em 1989, no intuito de conhecê-la para elaborar seu projeto paisagístico. Os deputados mineiros decidiram concretizar o projeto de Burle Marx em etapas, mas isto não aconteceu.

Finalmente, em 1991, a Assembléia Legislativa e a Prefeitura assinaram um convênio de cooperação para criação de projetos arquitetônico, paisagístico e urbanístico da área. Os arquitetos responsáveis foram Álvaro Hardy e Mariza Machado Coelho, que respeitaram o projeto original de Burle Marx ao elaborarar, em 1992, as características que a praça passou a apresentar desde então.

Quem foi Carlos Chagas:

Carlos Justiniano Ribeiro Chagas nasceu em Oliveira (MG) em 1878. Foi médico sanitarista, cientista e bacteriologista, tendo trabalhado como clínico e pesquisador.

Iniciou sua carreira no combate à malária. Destacou-se ao descobrir o protozoário Tripanosoma cruzi (tendo, neste nome, homenageado seu amigo Oswaldo Cruz) e a tripanossomíase americana, que ficou conhecida como doença de Chagas.

Carlos Chagas foi o primeiro e único cientista da história da medicina a descrever completamente uma doença infecciosa: o patógeno, o vetor, os hospedeiros, as manifestações clínicas e a epidemiologia.

Ganhou diversos prêmios no mundo inteiro, como Membro Honorário da Academia Brasileira de Medicina e Doutor Honoris Causa da Universidade de Harvard (EUA) e Universidade de Paris (FRA).

Trabalhou também no combate a doenças venéreas e à leptospirose. Foi o segundo diretor do Instituto Oswaldo Cruz e Diretor do Departamento Nacional de Saúde Pública (1919).

Faleceu de infarto em 1934, no Rio de Janeiro.

CURIOSIDADE:

Em 1964 foi criada, em São Paulo, a Fundação Carlos Chagas. O médico dá nome também a um município de Minas Gerais. Na década de 1980, uma nota de cruzado (dinheiro da época) foi ilustrada com a sua figura.

A localização do Sto. Agostinho